Tratamento fisioterapêutico.

      Glossário:

Capacidade pulmonar = capacidade dos pulmões respirarem.  

Higiene brônquica = Retirada de muco dos pulmões. 

Obstrução = Bloqueio ou dificuldade de passagem. 

Mucolíticos e broncodilatadores = Medicamentos que auxiliam o funcionamento dos pulmões. 

Regurgitações = Vômitos ou refluxos.

Terapia brônquica = Terapia na região dos brônquios do pulmão. 

Regiões periféricas = Áreas mais distantes da parte central.

    Esses são os termos que acreditamos que podem trazer alguma dificuldade para a compreensão do texto. Se tiverem alguma dúvida ou queiram que atribuímos outras definições, agradeceríamos se deixassem nos comentários. Desde já muito obrigado e boa leitura.

    

    No tópico anterior, abordamos sobre a avaliação da fisioterapia na Fibrose Cística. Assim, é possível chegar ao tratamento de maneira estruturada e organizada. Diante disso, observamos que com base na avaliação e no protocolo de atendimento da doença a Fisioterapia Respiratória é a especialidade que ganha destaque, já que a principal causa de morte é por problemas respiratórios / pulmonares. Essa intervenção tem como objetivo melhorar a capacidade pulmonar do sujeito, estimular a remoção de secreções, gerar, posteriormente, uma maior qualidade de vida ao paciente, entre outros. Diante disso, o profissional pode usar o recurso em realizar higiene brônquica para auxiliá-lo na eliminação dessas secreções, consequentemente, diminuindo a obstrução das vias aéreas. Antes das manobras é feito a inalação de mucolíticos e broncodilatadores , contudo, ambos devem ser realizados fora dos horários das refeições, para que dessa maneira evite potenciais chances de regurgitaçõesO uso da terapia brônquica, porém, depende de alguns aspectos, dentre eles podemos citar o diagnóstico funcional pelo sujeito, o quão invasivo é o procedimento e a preferência do paciente.

    Existem várias técnicas para a realização da higiene brônquica, como: drenagem postural, percussão pulmonar manual ou mecânica, vibração pulmonar manual ou mecânica, técnica de expiração forçada, máscara de pressão positiva expiratória (PEP), ciclo ativo da respiração, flutter, agitador e drenagem autógena. Muitas dessas manobras ainda estão sendo estudadas, dessa forma, nesse texto, será apresentado como que melhores resultados em pacientes fibrocísticos.

Ciclo ativo da respiração (CAR)

    O ciclo ativo da respiração é feito em três etapas: controle respiratório, expansão torácica e técnica de expiração forçada (TEF). Esse ciclo apresenta maiores benefícios quando combinado com terapia de drenagem postural (usa-se a ação da gravidade para auxiliar na movimentação das secreções de um segmento por meio da verticalização do brônquio). O CAR tem se possível na mobilização de secreção e na melhora da função pulmonar.

Drenagem postural (exemplificado na figura 1)

    A drenagem postural é uma técnica menos invasiva quando comparada com a maioria, ou seja, apresenta menor agressividade com o corpo do paciente. Esse recurso baseia-se na ação da gravidade, mas também no posicionamento das estruturas - em nosso corpo - que transportam o ar que respiramos. Diante disso, é comum o profissional de saúde colocar o paciente em diversas posições de modo que busque a posição contrária a localização do problema pulmonar. Assim, a secreção é conduzida das porções mais periféricas para as regiões centrais do pulmão, no qual vai ser eliminado através da tosse ou aspiração.

Figura 1: Drenagem postural.
Fonte: Autor desconhecido, drenagem postural. Editado por Bruna Maciel Melo, obra original disponível em MedlinePlus:https://medlineplus.gov/ency/imagepages/18084.htm. Acesso em: 14 de janeiro de 2021

    
Drenagem autógena (DA)

    A drenagem autógena usa como mudanças de volume e fluxo de ar para promover oscilações brônquicas e, assim, mobilizar secreções. Essa técnica é realizada em três partes: “desprender”, “coletar” e “eliminar” o muco em respirações de baixo, médio e alto volume pulmonar, respectivamente. A DA apontou bons resultados na movimentação da secreção e na melhora da função pulmonar.

Outras intervenções

O fisioterapeuta, dependendo da avaliação, pode ser encarregado em intervir nas mudanças das posturas. Essas transformações musculoesqueléticas podem ocorrer, por exemplo, por meio de compensações que o indivíduo efetua devido uma tosse constante e / ou características obstrutivas(oriundo do problema pulmonar); consequentemente, o paciente tem potencial de ter sua capacidade funcional e respiratória reduzida. Nesse caso, o profissional deve atuar na prevenção dessas problemáticas, além de solucioná-la através de alguns meios como:

  • Educação em saúde:

  • Alongamento muscular.

  • Exercícios de mobilidade torácica e aeróbico.

  • Exercícios de fortalecimento.

Exercício físico (exemplificado na imagem 2)

    O exercício físico é fundamental para o tratamento - sempre respeitando as particularidades de cada paciente - visto que há evidências que expõem seus efeitos positivos, como melhora na aptidão física, função pulmonar e qualidade de vida. No caso do fibrocístico, é comum que haja a perda de massa muscular devido a desnutrição, que de maneira progressiva gera uma diminuição da força muscular. Diante disso, o treinamento de fortalecimento e resistência muscular se torna interessante tanto para aumentar a força da musculatura periférica quanto respiratória. Além disso, o exercício aeróbico, mais especificamente, possui sua importância, pois melhora o condicionamento do indivíduo (como o exercício físico em si), mas também influencia a autoestima, o bem-estar e a tolerância às atividades do dia a dia.

Figura 2: Pessoas praticando exercício físico.

Fonte: Syda Produções,fitness, esporte, pessoas, exercício e conceito de estilo de vida - casal correndo no andar de cima nas escadas da cidade. Sem edição, obra original disponível em Shutterstock - banco de imagens e vídeos:https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/fitness-sport-people-exercising-lifestyle-concept-429490462?noReload=true. Acesso em 14 de janeiro de 2021.


ATENÇÃO  

    As informações contidas nesse blog são meramente informativas, não substituindo o atendimento com profissionais especializados e capacitados da área. Portanto, não cabe a nós prescrever exercícios ou tratamento - já que é um processo complexo e depende das peculiaridades de cada paciente - e, sim, informar sobre a patologia e como, nesse caso, o fisioterapeuta pode contribuir.

    Além disso, recomendamos a cartilha da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR). Essa cartilha possui imagens referentes ao Ciclo Ativo da Respiração (CAR) e a Drenagem Autógena, que foram técnicas que não que ilustramos devido os direitos autorais. A cartilha está disponível em: https://assobrafir.com.br/wp-content/uploads/2018/09/fisioterapia_na_fibrose_cistica-1.pdf. Acesso em 14 de janeiro de 2021.

Referências:

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- BRASIL, Ministério da Educação. Empresa Brasileira de ServiçosHospitalares - EBSERH. POP: Técnicas de Fisioterapia Respiratória emPacientes Adultos - Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas daUniversidade Federal do Triângulo Mineiro - Uberaba, pág 1-22, 2015.Disponível em: http://www2.ebserh.gov.br/documents/ 17082/3086452 / POP + 012 + Fisioterapia + Hospitalar + Adulto + Respirat% C3% B3ria + - + alterar.pdf / f5ce86cb-285b-42f6-b82b-1c74e6cf168a Acesso em: 14 de janeiro de 2021.
- DA COSTA, Camila Paiva, BOTELHO, Nathalia Guardiano. Função pulmonar,postura e qualidade de vida de crianças e adolescentes com Fibrose Cística. Trabalho de Conclusão de Curso - Faculdade de Fisioterapia, UniversidadeFederal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2016. Disponível em:https://www.ufjf.br/facfisio/files/2016/09/Fun%C3%A7% C3% A3o-ventilat% C3% B3ria-postura-e-qualidade-de-vida-de-crian% C3% A7as-e-adolecentes-com-fibrose-c% C3% ADstica-Camila-Paiva-da-Costa- e-Nath% C3% A1lia-Guardiano-Botelho.pdf.  Acesso em: 14 de janeiro de 2021.
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- BRASIL, Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva. Recomendação Brasileira de Fisioterapia na Fibrose Cística: um Guia das Boas Práticas Clínicas. [s. l]. ASSOBRAFIR Ciencia. vol 10, supl (1), pág 1-118, 2019. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/rebrafis/article/view/36629/25358 . Acesso em: 14 de janeiro de 2021.
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- CHAVES, Celia Regina Moutinho de Miranda,et al. Exercício aeróbico, treinamento de força muscular e testículos de aptidão física para adolescentes com fibrose cística: revisão da literatura. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v.7, n ° 3, Recife, 2007. Disponível em:https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292007000300003&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 14 de janeiro de 2021.






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